Tecnologia e inovação: essenciais para a conservação ambiental

Assunto foi debatido durante o IX Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), em Florianópolis

Painel debateu a tecnologia e a inovação nas causas ambientais. Foto: GKG Fotografia
Painel debateu a tecnologia e a inovação nas causas ambientais. Foto: GKG Fotografia

No último dia do IX Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), promovido pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza entre os dias 31 de julho e 2 de agosto, em Florianópolis (SC), diversos assuntos e projetos relacionados ao tema “Futuros Possíveis: Economia e Natureza” foram debatidos pelos 1.200 congressistas.

O painel “Modelos de Conservação e Inovação: Inspiração para o Futuro” apresentou as novidades tecnológicas que estão sendo utilizadas em prol da causa ambiental.

Participaram das discussões Emiliano Ramalho, do Instituto Mamirauá, que falou sobre o “Project Providence: revolução no monitoramento da biodiversidade”; Marcos Da-Ré, da Fundação CERTI, que abordou “Ecossistemas de Inovação: Compartilhando Valor para a Conservação”; e John Amos, da Skytruth, que apresentou o “Impacto de parcerias estratégicas que ampliam a eficiência da conservação”.

Emiliano revelou que o Instituto Mamirauá, atuante na Amazônia Central, tem buscado encontrar novos recursos sustentáveis para o manejo e a conservação das áreas naturais da região.

E o Projeto Providence, encabeçado pela instituição, faz uso de tecnologia, conceitos de robótica e sistemas inteligentes de manejo. A ação, financiada pela Fundação norte-americana Gordon and Betty Moore, é fruto de uma parceria internacional com mais quatro entidades.

A metodologia utilizada contempla o monitoramento da fauna, por meio de câmeras que utilizam energia solar e a comunicação dos dados via satélite, além da divulgação dessas informações por meio de uma plataforma aberta a pesquisadores e pessoas que trabalhem em prol da causa ambiental. “Praticamente tudo é feito de forma automatizada, embora alguns dados possam ser disponibilizados para análises mais específicas. Já trabalhamos com cerca de 40 espécies nos últimos meses, mas temos condições de adicionar novas espécies”, destacou Emiliano.

Marcos Da-Ré, que é integrante da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, falou sobre o trabalho da Certi – Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras, que está implementando diversos projetos no campo da conservação ambiental. “Muitas vezes a inovação surge a partir de novos modelos de negócios. Não necessariamente baseados em tecnologia”, explicou.

Mas é evidente que a tecnologia tem ajudado muito no desenvolvimento de soluções baseadas na natureza, “entre elas a análise de genoma e a utilização de drones e inteligência artificial”, exemplificou Marcos. E esse trabalho, segundo ele, precisa de colaboração de todos os stakeholders – ambientalistas, pesquisadores, universidades, órgãos reguladores, governos, entre outros. “Assim, criamos um ambiente favorável para a criação e evolução de todo esse ecossistema”, disse.

Um dos cases apresentados por ele durante o evento foi o Araucária+, que reúne produtores do Planalto Serrano catarinense, indústria, varejo e sociedade, criando uma rede sustentável de produção, venda e consumo de produtos como erva-mate e pinhão. Desde o seu início, em 2013, a iniciativa em parceria com a Fundação Grupo Boticário, que visa preservar a floresta da região, contabiliza 50 instituições envolvidas, mais de 80 produtores articulados e 470 hectares conservados – resultando em produtos de sucesso, como a cerveja Insana feita com pinhão.

Por fim, John Amos apresentou o trabalho da Skytruth, que, além de realizar o monitoramento via satélite, também atua fortemente na comunicação dos dados coletados. Um dos importantes trabalhos aconteceu durante a tragédia ecológica provocada pela empresa Samarco, na bacia hidrográfica do Rio Doce, em 2015. Na época, a empresa americana forneceu diversas informações para as autoridades brasileiras, ONGs e imprensa mundial, que deram um retrato mais preciso da devastação provocada pelo acidente.

Outro importante trabalho que vem sendo realizado pela Skytruth é o monitoramento da atividade de pesca em todo o mundo, denominado Global Fishing Watch, que tem ajudado, inclusive, no combate ao trabalho escravo. Amos apresentou ainda um levantamento de dados feito na área do Atol das Rocas, com informações que vem sendo bastante úteis para ambientalistas que trabalham em prol da conservação na região.

Espaço para perguntas possibilitou a interação com os participantes. Foto: GKG Fotografia
Espaço para perguntas possibilitou a interação com os participantes. Foto: GKG Fotografia

Drones na proteção ambiental

O uso de Drones na proteção ambiental permeou várias atividades do DroneShow 2018, que aconteceu em maio passado na capital paulista, desde seminários e cursos até soluções na feira. Confira este vídeo com um resumo do evento:

A próxima edição do DroneShow está marcada para 25 a 27 de junho de 2019 em São Paulo (SP).