Algumas áreas, como as próximas a aeroportos, são consideradas inadequadas ou totalmente proibidas para o voo de drones por representar risco à navegação aérea
Por Gustavo Vicentini* – Techshield
As tecnologias de identificação, detecção, monitoração e neutralização de drones foram objeto do 1° Simpósio de Tecnologias Antidrones – Aspectos Legais, promovido pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), entre os dias 13 e 15 de maio, em São Paulo (SP).
O evento foi motivado pela preocupação da comunidade aeronáutica com a segurança. Algumas áreas, como as próximas a aeroportos, são consideradas inadequadas ou totalmente proibidas para o voo de drones por representar risco à navegação aérea.
Hoje, existem no Brasil cerca de 72 mil drones cadastrados pela ANAC, dos quais apenas 42% possuem cadastro no DECEA. Voar em área de risco para aeroportos é crime previsto no Código Penal. Quem for autuado por esta irregularidade pode pegar de dois a cinco anos de detenção.
O simpósio reuniu organizações governamentais, como a FAA (Federal Aviation Administration), a Secretaria Nacional de Aviação Civil do Ministério da Infraestrutura (SAC), a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), além da indústria do setor.
Empresas especializadas na área apresentaram produtos e tecnologias disponíveis na detecção de drones. Na nomenclatura oficial, os signatários da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) utilizam o nome SUA (do inglês small unmanned aircraft ou pequena aeronave não tripulada) para identificar estes equipamentos.
De acordo com as palestras ministradas pelos representantes da indústria, podemos destacar como relevantes os seguintes recursos para sistemas de proteção contra Drones não autorizados, que foram praticamente consenso entre as soluções apresentadas :
• Sistema composto por 3 sub-sistemas: Detecção, Comando e Controle e Mitigação
Sub-Sistema de Deteccção
– deve ser multi-sensor (acústico, óptico, rádio frequência, radar)
– detecção por Rádio Frequência (RF) com possibilidade de geolocalização
– detecção de múltiplos drones simultâneos
– detecção rápida (cada segundo conta)
– detecção preferencialmente sem obtenção de dados de telemetria (por questões legais)
Sub-Sistema de Comando e Controle
– TRL9
– deve operar 24/7
– operação manual / automática
– sistema aberto, com interfaces para outras plataformas (API)
– atualizável, com bibliotecas de assinatura de drones
– auditável, com recursos de monitoramento de ativos e alertas
– identificação de drones DJI, Não DJI e drones “home made”
– detecção, classificação, localização e alerta em tempo real
– fácil operação, fácil instalação
– câmeras PTZ automáticas
– detecção de drones e pilotos
Sub-Sistema de Mitigação
O sub-sistema de mitigação deve ser acionado diretamente pela plataforma de comando e controle ou através de um módulo de comando. O sistema deve estar pronto para operar as contra-medidas de forma automática e/ou manual.
Podemos elencar táticas defensivas e ofensivas para a defesa antidrone :
Táticas defensivas de mitigação
– aqui estão alguns exemplos de táticas de mitigação defensivas que estão disponíveis para todos, incluindo empresas, instalações correcionais, aeroportos, estádios, forças armadas ou qualquer outra organização:
• Sirenes, anúncios de alto-falante, luzes piscantes: A mais acionável de todas as contramedidas, essa estratégia não apenas garante que o piloto do drone saiba que foi detectado, mas também pode acionar outro suporte de solo para implementar procedimentos de proteção de emergência.
• Liderando pessoas e materiais sensíveis para a segurança: A primeira ação deve ser minimizar o risco de ferimentos em pessoas e propriedades, seja para afastar um grupo de pessoas ao ar livre de um drone ou cobrir e ocultar propriedades sensíveis ou protótipos de espiões
• Despachando equipes de segurança para localizar e apreender o piloto do drone: Com as informações coletadas a partir do sistema de detecção de drones, equipes de segurança podem usar os dados para procurar diretamente a fonte do voo e suspender as operações
• Integração aos recursos de IoT para respostas automatizadas: Especialmente ao proteger propriedade intelectual ou grandes grupos de pessoas, sistemas de detecção de drones podem ser integrados a tecnologias de segurança adicionais, como implantar telhados retráteis automaticamente ou manualmente, baixar as persianas, fechar portas ou permitir segurança física adicional medidas
• Despachando forças de segurança de UAS: Muitas organizações estão começando a usar drones para vigilância e segurança de propriedade, e um drone não autorizado no espaço aéreo pode ser uma oportunidade de buscar mais informações usando tecnologia de voo similar
Táticas ofensivas de mitigação
– Para organizações com isenções legais das restrições da FAA contra interferir com a operação de uma aeronave, existem várias abordagens para derrotar os drones e, no futuro, haverá, sem dúvida, mais.
As técnicas de mitigação ofensivas incluem soluções cinéticas e não-cinéticas que matam (destroem o hardware do drone) ou não-matam (interfere com o software ou sistema operacional do drone).
Soluções Cinéticas envolvem alguma forma de movimento físico que interrompe o hardware do drone
- Hard-Kill: Shotguns, balas ou outros projéteis irão destruir ou danificar o drone
- Soft-Kill: Armas de rede ou drones de rede podem ser implantados para capturar o drone e mantê-lo intacto para forense
As Soluções Não-Cinéticas não envolvem um movimento físico, mas sim uma interferência eletrônica ou tecnológica
- Hard-Kill: energia direcionada, como lasers, que usam a tecnologia para destruir o hardware do drone
- Soft-Kill: Jamming e manipulação protocolo pode forçar o drone a pousar, voltar para casa, ou permitir que outro piloto para comandar o drone e controlar a trajetória de voo
Ainda é razoável implantar estratégias defensivas primeiro e depois escalar conforme necessário com táticas ofensivas para proteger os ativos. Em última análise, a tecnologia de drones só pode ser derrotada por outras tecnologias, e é por isso que muitos se voltam para soluções não-cinéticas para controlar as operações de drones, antes de escalar para uma estratégia mais destrutiva.
Entendemos que a tecnologia dos drones ainda vai evoluir muito e os sistemas devem acompanhar esta evolução.
Não há bala de prata e portanto a melhor solução é a que reunir o maior número de características acima citadas aliadas ao melhor custo / prazos de instalação e manutenção.
Fórum Empresarial de Drones
*Gustavo Vicentini será um dos palestrantes/debatedores no Fórum Empresarial de Drones que acontece dentro da programação do DroneShow e MundoGEO Connect PLUS, de 5 a 7 de novembro no Hotel Meliá Ibirapuera em São Paulo (SP).
Os eventos DroneShow e MundoGEO Connect 2019 aconteceram em junho passado na capital paulista, reunindo mais de 3.800 participantes, 120 marcas na feira e 240 horas de conteúdo com o tema Drones e Geotecnologias na Indústria 4.0. Confira os destaques do evento:
Imagens: Divulgação