O poder da vista aérea: Drones e a fotografia de arquitetura

Por James Taylor-Foster
Traduzido por Romullo Baratto

800px-Giovanni_Battista_Nolli-Nuova_Pianta_di_Roma_(1748)_01-12_croppedQual é o sentido da vista aérea? Enquanto arquitetos e designers frequentemente encontram conforto nessa perspectiva particular, há um apelo mais inclusivo e universal neste modo de ver. A facilidade de acesso a serviços de mapeamento online aumentou nossa dependência coletiva em ver nosso mundo do alto.

Mapas condensam o planeta em um pequeno mundo dentro de nosso bolso, universalizando a fotografia de “vista de topo”. O aspecto positivo ou negativo de sua onipresença, tendo sido assimilada por nossa consciência coletiva, permanece em discussão. Contudo, face a esse dilema, os fotógrafos de arquitetura estão expandindo os limites da tecnologia dos drones em busca de novos sentidos.

Articular espaços través da plana é uma convenção aceita há muito tempo por arquitetos e designers. Trata-se, mas que qualquer outra coisa, de um modo de pensar, compreender e representar composições arquitetônicas e urbanas complexas. Projeções ortográficas (plantas, cortes, fachadas) oferecem um ponto de vista que é tanto artificial quanto inatingível, definido por um grau de precisão e pureza espacial que é impossível de replicar em situações reais.

Isso ocorre em qualquer escala: do seminal mapa iconográfico de Roma, por Giambattista Nolli (1748) 664px-Coevordenà perfeição geométrica da fortaleza holandesa de Coevorden (1647). Na arquitetura doméstica dos séculos XX e XXI, a planta passou a simbolizar um método universalmente reconhecível de orquestrar o espaço em função da metragem quadrada dos edifícios residenciais.

Embora fundamental para permitir que os arquitetos compreendam o projeto, a planta é estilisticamente limitada – e é aqui que a fotografia de topo assume seu papel. Diferente do desenho, fotografias aéreas capturam sombras perfeitas, padrões inesperados, áreas de solo desgastado e composições de telhados, além dos vestígios de pessoas, animais e veículos que trazem as cenas arquitetônicas à “realidade”. Ainda mais importante, elas mostram o contexto urbano e as condições naturais que não fazem parte da visão do arquiteto, preenchendo uma lacuna entre o tangível e o intangível.

É o casamento da autenticidade inata da fotografia com a “pureza” da projeção ortográfica que a tecnologia dos drones torna possível. Essas fotografias não são plantas; ao contrário, a perspectiva e o realismo natural característicos dessas fotografias nos fazem lembrar de que estamos olhando para uma representação capturada não com tinta, mas através de uma lente. Projetistas não podem prever exatamente como as pessoas ocuparão e adaptarão seus edifícios, assim, estes são imbuídos de genuíno caráter: marcas circulares de veículos podem ser vistas na areia, ao passo que balanços e escorregadores de crianças pontuam o gramado bem cuidado.

Talvez a lua de mel já tenha terminado e registros feitos com drones sobre o terreno da Expo Milão ou a Hearst Tower em Nova Iorque não sejam mais únicos e impressionantes. Alguns fotógrafos de arquitetura estão abraçando essa tecnologia para criar composições mais serenas de obras de arquitetura. O trabalho de Fernando Guerra e João Morgado – entre outros – demonstra que os drones podem ser usados para capturar poderosas fotografias de edifícios e seus entornos. Estáticos, esses registros revelam o quão convincente a vista aérea continua sendo.

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Fonte: Archdaily