Por Wilson Holler*
O valor comercial dos Drones tem origem na sua capacidade de voar para um local específico, executar uma tarefa e potencialmente retornar à sua origem ou a um destino alternativo, ao mesmo tempo em que fornece um resultado mais econômico ou eficiente do que os métodos existentes. O processo de análise de dados recebidos de diferentes tipos de Drones para encontrar padrões significativos é que podem orientar as decisões de negócios.
Os Drones são aplicáveis em inúmeras áreas e com diversas funcionalidades, e ainda existem muitos mercados ocultos que, no futuro, podem vir a ter demanda, além de muitas oportunidades a novos profissionais.
Hoje, existem mais de 50 diferentes relatórios com distintas previsões sobre a comercialização de Drones e serviços associados para os próximos anos, geralmente priorizando determinados setores. A seguir destaco os dados de alguns relatórios.
O relatório da PwC, em 2016, já apontava os setores de seguro, infraestrutura, transportes, mídia e entretenimento, agricultura, telecomunicações, segurança e mineração como os mais promissores. Um breve resumo do relatório foi postado no DroneShow naquele mesmo ano.
De acordo com o relatório da Goldman Sachs Research, espera-se que sejam investidos US $ 13 bilhões em Drones até 2020. As principais aplicações para os Drones, classe 3, são em cinema e vídeo, agronegócio, inspeções industriais e prediais, mineração e segurança, busca e resgate.
Segundo a BI Intelligence, espera-se que as vendas de Drones ultrapassem US $ 12 bilhões em 2021. Já segundo a ResearchAndMarkets.com, o mercado de análise dos dados obtidos por Drones deverá crescer de US $ 1,57 bilhão em 2017 para US $ 5,41 bilhões até 2022.
O Departamento de Inovação Empresarial e Competências (DBEIS) e o Gabinete do Governo para a Ciência do Reino Unido publicaram uma revisão de literatura de mercado sobre Drones em 2017. O documento é referente ao Reino Unido, mas também apresenta dados globais. A equipe do estudo realizou uma análise para tornar as previsões tão comparáveis quanto possível e para extrapolar as projeções de prazo mais curto. Isso permitiu que a equipe desenvolvesse uma média indicativa que prevê um mercado mundial de drones de £ 20 bilhões em 2025.
A Frost & Sullivan desenvolveu estimativas atuais e previsões da demanda para uso de Drones por região do globo até 2020. Esse estudo prevê uma taxa de crescimento anual composta de pelo menos 33% para todas as regiões, com a África e a América do Sul com previsão de maior taxa proporcional de crescimento do mercado. O trabalho identificou que a aplicação mais importante, responsável por mais de dois terços da demanda global, é a de fotografia e vídeo. Mapeamento, levantamentos topográficos, inspeções e monitoramento são identificados como outros usos significativos.
Outra previsão de mercado, que indica o equilíbrio entre as aplicações que impulsionam o crescimento, foi produzida pela Lux Research e especifica que a agricultura será a aplicação mais significativa, seguida pelas empresas de serviços públicos e petróleo & gás.
Outro relatório interessante é o da Drone Deploy, que analisou os metadados de quase 100 milhões de imagens aéreas coletadas por seus clientes e trouxe dados interessantes sobre o mercado, como o aumento de cinco vezes em 2017 do uso de Drones. Foram mais de 400 mil locais imageados. De acordo com o documento, o setor de construção é o maior e mais rápido a adotar os Drones, seguido pela indústria da mineração e agricultura. Segundo o documento, 90% do mapeamento comercial ainda ocorre por Drones que custam US $ 1.500 ou menos.
De acordo com a Skylogic Research, as vendas de Drones DJI, no estados unidos, é na realidade em torno de 50%, não de 70%, como é popularmente descrito. Mais da metade de todos os usuários compram Drones custando entre US $ 1.000 e US $ 4.000.
A maioria dos Drones (85%) que custam mais de US $ 2.000 são comprados para uso profissional. Filme, Foto e Vídeo representam 43% do uso comercial pretendido e constituem o maior setor do mercado comercial.
O relatório elaborado pela Drone Industry Insights, para a Europa, possui dados do primeiro trimestre de 2018. Foram entrevistadas 350 empresas, das quais 43% são usuárias comerciais e 38% de fabricantes de Drones. Os restantes 19% são universidades, institutos de pesquisa, estudantes, desenvolvedores ou fabricantes de acessórios.
Do total, 63,4% das 350 respostas foram coletadas da Alemanha e 36,6% de outros estados membros da União Europeia. Segundo o documento, oito a cada dez Drones são usados atualmente para trabalhos de levantamentos topográficos.
Brasil
A Administração do Comércio Internacional (ITA) do Departamento de Comércio dos EUA estima que o mercado brasileiro de Drones representa em torno de US $ 60 milhões. O Brasil ainda não permite voos totalmente autônomos e o mercado ainda é pequeno, composto predominantemente por Drones com preços que variam de US $ 2.000 a US $ 20.000. No entanto, seguindo a tendência mundial, o mercado brasileiro deve crescer rapidamente nos próximos anos. No Brasil, os Drones são usados principalmente para recreação, agricultura e segurança.
Os dados existentes sobre nosso país são escassos ou de acesso restrito, todo ano a Droneshow, organizadora do maior evento sobre o tema na América Latina, realiza uma pesquisa sobre o setor, e por sua vez a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), responsável pelo registro das aeronaves não tripuladas, disponibiliza seus dados sobre Drones mensalmente.
Os dados da ANAC referem-se à quantidade de pessoas, uso e número de Drones cadastrados. Os dados das pessoas e uso são agregados, enquanto que os dados do número de Drones são disponibilizados por estado. Até junho passado, foram cadastrados 43.875 Drones, sendo 64% para uso recreativo e 36% para uso profissional. A maioria está concentrada na região sudeste. Conforme divulgado na Droneshow deste ano, a ANAC registrou crescimento de 200% em 8 meses no número de registros de pilotos e Drones.
No DroneShow 2018, que aconteceu de 15 a 17 de maio em São Paulo (SP), também foi apresentado o mercado brasileiro de Drones. Foram identificadas 720 empresas em 2017 no Brasil. Em 2017 estima-se que o mercado movimentou em torno de 300 milhões de reais, incluindo toda a cadeia produtiva e 12 mil pessoas que obtém renda no setor. Para 2018, a previsão de crescimento no Brasil é de 30%. O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) registrou crescimento de 110% em 6 meses no número de pilotos e 200% nas solicitações de operações.
Recentemente, a Distrito disponibilizou o AgTech Mining Report. Um relatório com as principais tendências do mercado agropecuário para o Brasil, com uma ampla gama de oportunidades para a aplicação dos Drones. Foram mapeadas mais de 7.000 startups. Dessas, 135 empresas foram selecionadas para o Mapa de AgTech. O relatório aponta algumas tendências para aplicações com Drones, como o monitoramento aéreo das terras e a realização de tratamentos aéreos antipragas. O relatório traz a relação de 10 startups internacionais para ficar de olho e que devem brevemente chegar em território nacional.
O que todos os relatórios e os dados têm em comum?
Os documentos apontam que o uso de Drones não é uma solução isolada. É necessário automatizar os fluxos de trabalho, principalmente as análises e o processamento dos dados capturados. Como acontece com frequência no setor de tecnologia, as startups são pioneiras na prestação de serviços relacionados aos Drones.
Os tópicos-chave de pesquisa em Drones são: inteligência artificial, processamento de imagens, tecnologias para a detecção e prevenção de Drones para controle de tráfego aéreo, controle e comunicação de Drones e capacidade de bateria.
Todos os relatórios prevêem um crescimento significativo do mercado para aplicações comerciais de Drones. O foco, ao longo dos anos, deixará de ser nos desenvolvimentos tecnológicos e passará a estar nas aplicações específicas para os clientes. A cibersegurança de Drones e os altos custos envolvidos na coleta de dados precisos podem atuar como um desafio para o crescimento do mercado.
Existe outra tendência, já existente lá fora e no Brasil, que é prover Drone-como-serviço.
No DroneShow 2018 também foram apresentadas as principais tendências para o setor no Brasil, como:
• Aproximação das comunidades profissionais e de recreação (empreendedorismo e voo seguro);
• Organização do setor em associações;
• Novos modelos de negócios: pulverização de empresas prestadores de serviços. Outras empresas incorporando a plataforma Drones. Empresas maiores usuárias montando suas frotas.
*Wilson A. Holler
Eng. Cartógrafo, Esp. em Drones, Mestre em Desenv. de Tecnologia, Analista GIS na Embrapa Florestas
wilson.holler@embrapa.br
Confira o vídeo oficial com um resumo do DroneShow 2018: