Editorial: O difícil “parto” do bebê chamado Drone

The GoPro-equipped DJI Phantom in action.Costumo comparar o momento em que estamos vivendo em relação ao mercado de Drones com o nascimento de um bebê. Para o recém-nascido, dois sentimentos afloram com muita intensidade neste momento: esperança e preocupação.

A esperança diz respeito às expectativas positivas que ele poderá trazer para sua família e para sua comunidade através de seu desenvolvimento intelectual e social. No caso dos Drones, as expectativas são muitas, pois proliferam a todo instante novas aplicações para as imagens e dados gerados pelos sensores que eles carregam, sem falar nas infindáveis potencialidades nas operações de uso remoto em suas missões autônomas.

Da mesma forma quando a Internet foi criada, ninguém imaginava que ela poderia estar na palma de nossas mãos conectando bilhões de pessoas, além de permitir milhares de possibilidades. Penso que ainda teremos muitas novas aplicações dos Drones que, hoje, sequer imaginamos.

A preocupação se relaciona com as novas sensações de frio, fome, sede e dor provocadas pelo rompimento da ligação com a mãe e pela exposição do seu corpo às fragilidades biológicas e intempéries. Comparo este momento às percepções que a comunidade que pretende usar os Drones profissionalmente tem dos desafios em fazer um trabalho de qualidade e seguro. Nesta hora os profissionais, principalmente prestadores de serviços – que são a maioria e na casa das centenas – percebem que não basta ter um drone com um sensor qualquer. Existem aplicações que requerem uma complexa inteligência embarcada, essencial para se executar um projeto com qualidade.

Nesta fase, existem algumas surpresas quanto aos preços dos sistemas. Temos drones de 7 a 300 mil reais ou mais. Assim, qual sistema escolher? Lembrando que, para muitas aplicações como agricultura e mapeamento, há também necessidade de soluções de processamento de dados pós coleta de dados.

Lembro bem de um diálogo que presenciei entre um participante da Feira DroneShow 2015 com um palestrante de um seminário realizado no evento. Ele afirmou que seu trabalho com drones era filmar casamentos e descobriu na feira que, apenas um trabalho utilizando drones para o setor agrícola, poderia lhe trazer um resultado equivalente a dezenas de casamentos. Num primeiro momento ele sentiu alegria e deslumbre, mas durante sua participação no evento, este participante constatou que não seria tão simples assim fazer esta migração, pois teria que investir em um drone e na inteligência embarcada, bem mais robustos que o seu equipamento utilizado para casamentos, além de ter que estudar melhor as necessidades dos clientes com a ajuda de um profissional do setor agrícola.

Mas, no final, o participante saiu feliz do evento, seguro do que tinha que fazer para ter mais rentabilidade no seu negócio, não mais de filmagem de casamentos, mas de prestação de serviços de geração de imagens e dados para mapeamento, engenharia e agricultura.

Esperamos que este bebê recém-nascido possa crescer saudável, ser registrado em cartório – ou seja, devidamente regulamentado pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) – e que supere os desafios e adversidades da fase infantil e adolescência, atingindo logo a sua maturidade.

EMSEmerson Zanon Granemann
Engenheiro cartógrafo, diretor e publisher do MundoGEO
emerson@mundogeo.com

 
 
 
 

Este texto foi publicado originalmente na segunda edição da revista DroneShow que pode ser lida logo abaixo ou clicando aqui.

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