Tecnologia é mais eficiente e barata; Pesquisadores pretendem adaptar metodologia para incentivar o uso da técnica na conservação
Cada vez mais tem sido comum olhar para o céu e encontrar algum veículo aéreo não tripulado, conhecidos como vant ou drone. Esse último tipo de aeronave, geralmente menor que um vant, foi idealizada inicialmente para fins militares, caiu no gosto popular e agora é utilizada tanto para lazer quanto para fins profissionais por fotógrafos, agricultores e pelo poder público. Com o objetivo de aliar essa nova tecnologia à conservação de importantes áreas naturais remanescentes, a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza está iniciando o apoio a um projeto que utilizará drones para o monitoramento de unidades de conservação (UCs) na região da floresta com araucárias, no Paraná.
“Entre os principais desafios dos gestores das UCs estão monitorar e fiscalizar adequadamente essas extensas áreas, já que os recursos humanos e financeiros para essas atividades costumam ser escassos no Brasil”, lembra a diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, Malu Nunes. Ela ressalta que, nesse cenário, é urgente desenvolver novas estratégias e ferramentas que viabilizem a proteção efetiva dessas áreas. “Essa iniciativa de uso de drones abrirá caminho para que mais pesquisadores utilizem essa e outras inovações tecnológicas para ampliar a proteção da biodiversidade brasileira”, completa.
O projeto será realizado na Reserva Biológica (Rebio) das Araucárias e no Parque Nacional dos Campos Gerais, localizados na região de Ponta Grossa (PR). Ali se concentram algumas das últimas áreas de campos naturais e de floresta com araucárias do país.
Segundo o pesquisador responsável, professor Dr. Carlos Hugo Rocha, o projeto pretende contribuir para a conservação efetiva dessas áreas que concentram alguns dos mais importantes remanescentes naturais da região dos Campos Gerais do Paraná. Além disso, a pesquisa possui dois outros objetivos principais. O primeiro é aproveitar a tecnologia para monitorar de forma mais efetiva as regiões de mais difícil acesso na Rebio. O segundo é criar uma metodologia de utilização de drones para monitoramento de unidades de conservação que possa ser aplicada em outras regiões. “Dessa forma, possibilitamos a criação de uma sistemática de trabalho que, futuramente, poderá contribuir com outras UCs e que será aprimorada conforme for sendo utilizada”, explica o pesquisador.
Histórico de monitoramento
Rocha comenta que foi realizado projeto anterior de mapeamento dos remanescentes naturais nas respectivas UCs com base em imagens de satélite de alta resolução e, agora com os drones, o alcance será ainda maior, possibilitando o monitoramento integral das paisagens. “Levantamos dados temporais de uso das terras nestas UCs desde 1952, quando foram feitas as primeiras fotografias aéreas do Paraná, e assim pudemos determinar quais são as áreas mais conservadas, e, por consequência que precisam ser monitoradas com especial cuidado”, afirma.
Normalmente as áreas mais intactas dentro de uma unidade de conservação são de difícil acesso, o que dificulta esse monitoramento mais frequente. Nesse cenário, osdrones terão papel importante, pois podem chegar a essas regiões com muito mais facilidade e rapidez.
Além disso, eles serão aliados para reduzir as principais ameaças à UC, que são a eliminação de espécies nativas, como a própria araucária, para comércio ilegal, caça, fogo, e o cultivo agrícola e florestal. “Os drones permitirão mais agilidade para verificar uma possível entrada não autorizada nas unidades, bem como a notificação às autoridades competentes”, ressalta.
O pesquisador lembra ainda que esse monitoramento é mais barato do que o regular, pois o custo do equipamento – apesar de significativo – é pontual. Para ir a campo sem os drones, é necessário comprar veículos adequados e disponibilizar equipe por muitas horas ou até dias para chegar a determinadas regiões. “Os benefícios são diversos, realmente é uma grande melhoria para o nosso trabalho”, conclui animado.
Fonte: Fundação Grupo Boticário